A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2019) mostrou que, em média, as mulheres dedicam 10,4 horas/semana a mais que os homens ao cuidado de pessoas, principalmente moradores(as) de 0 a 14 anos de idade, e à afazeres domésticos (AD), como preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar a louça; cuidar da limpeza de roupas e sapatos; fazer pequenos reparos no domicílio e aparelhos domésticos; limpar a casa (IBGE, 2020). 

Em uma sociedade patriarcal, o cuidado e os AD são equivocadamente compreendidos como propensão biológica, e por isso delegados às mulheres, sem nomina-los como trabalho ou destinar qualquer remuneração. A pandemia por Covid-19 e o necessário isolamento social escancararam e ampliaram a sobrecarga feminina. As mulheres, destituídas da rede de apoio institucional (ex. escolas) e social (avós, vizinhas), passaram a exercer os AD, o cuidado integral dos(as) menores de idade e enfermos(as), acumulando-os com o home office, adotado por 57% da amostra (DATAFOLHA, 2020).

Cozinhar em casa, na pandemia, apesar de ser economicamente mais viável, é um dos maiores desafios face à necessidade de manutenção do trabalho remunerado. Além de cozinhar, é preciso executar atividades adicionais como: planejar o cardápio diário/semanal; fazer as compras; higienizar os alimentos, utensílios e superfícies; armazenar e gerir do estoque e de sobras; servir e proporcionar.

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